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O solitário George de Galápagos

Hoje publico uma crônica interessante feita com exclusividade para o www.ajanelalaranja.com pelo Tales Azzi da revista Viaje Mais. Valeu Tales!!
Dia 24 de junho morreu George. Pra quem não sabe George era o mais famoso morador das ilhas Galápagos. George era uma tartaruga, o último exemplar de sua espécie, agora extinta. O Solitário George, como era chamado, foi encontado em 1971 na ilha Pinta e desde aquela época vivia sobre os cuidados no centro de pesquisa Charles Darwin, que cuida da proteção das tartarugas no arquipélago equatoriano.
George era a atração turística mais disputada em Galápagos. Todos os dias centenas de turistas iam vê-lo. Poucos animais no planeta já foram tão fotografados como ele.
Eu vi o George uma única vez quando lá estive em 2010. Ele não me pareceu muito simpático, frequentemente escondia-se entre as folhagens. Não dava a mínima pro oba-oba que faziam dele. Parecia mesmo um solitário, triste e desanimado. Infelizmente, George não deixou herdeiros. Morreu sem reproduzir apesar dos esforços dos biólogos que tentaram de todas as formas fazer com que ele se encanta-se com as fêmeas que colocavam ao lado dele. Mas George nem ligava para as fêmeas.
Uma bióloga holandesa partiu para o tudo ou nada e chegou a fazer massagem peniana no velho tartarugão para ver se o bicho se animava um pouco. Nada. Começaram a caçoar de George. Será que ele não gosta da coisa? Maldade.
Olha, eu até consigo entender o George. Primeiro porque a primeira vez é sempre complicada mesmo, e deve ser também para as tartarugas. Além disso, colocavam fêmeas de outras espécies para ele acasalar. É só tentar se colocar no lugar dele. Imagine um homem, um senhor de idade, o último da espécie humana, ser privado de sua ilha tropical particular para viver em recinto fechado por décadas e sendo incentivado a reproduzir com fêmeas de outras espécies de primatas (uma linda chimpanzé? uma charmosa Babuína?).
Tudo isso sem um pingo de privacidade, cheio de câmeras e flashes em volta. Olha, o George deve ter sido valente, e deve ter morrido mesmo é de vergonha. Nem pela preservação da espécie ele conseguiu encarar os tribufus que colocaram para ele copular.
Talvez a máxima do Vinícus de Moraes também se aplique às tartarugas de Galápagos: “desculpem as feias, mas beleza é fundamental”. Pobre George. Que Deus o tenha, no reino dos céus das tartarugas virgens.
Isla Santa Cruz - Estação Charles Darwin - Solitário George Imagem: Tales Azzi

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